Sete sapatos sujos

Sete sapatos sujos

 

Certo dia, Mia Couto foi convidado a fazer uma “oração de sapiência” (Março de 2005), no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique. Conhecendo muito bem a realidade sociológica e económica de Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, e desejando reflectir publicamente sobre as inércias que tolhem o desenvolvimento daquela nação, escreveu e leu uma “lição” sobre um dos seus temas de eleição, o combate à pobreza e aos preconceitos enraizados. Ele começou por referir que “Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar.” E contou ”sete sapatos sujos” que “necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos”. Um conjunto de ideias, atitudes e superstições que, longe de serem apanágio da sociedade moçambicana, são um travão para o desenvolvimento e justiça social de muitos outros povos, incluindo Portugal.  
 
Deixo aqui os seus SETE SAPATOS SUJOS, tema da Gala do II Mosaico Social (2011-01-19) em Santa Maria da Feira

Primeiro sapato: A ideia que os culpados são sempre os outros e nós somos sempre vítimas;
Segundo sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho;
Terceiro sapato: O preconceito de quem critica, é um inimigo;
Quarto sapato: A ideia que mudar as palavras muda a realidade;
Quinto sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências;
Sexto sapato: A passividade perante a injustiça;
Sétimo sapato: A ideia de que para sermos modernos temos que imitar os outros.

 

Enviado por José Manuel Costa (Enc. de Educação)