A propósito do dia que hoje, 19 de Março, se comemora, divulgamos aqui uma óptima selecção de mensagens , poemas, textos e sugestões, enviada pela Associação de Pais da Escola Básica do Sobral, a quem desde já agradecemos.
POEMA DO DIA DO PAI
Ter um Pai ! É ter na vida
Uma luz por entre escolhos ;
É ter dois olhos no mundo
Que vêem pelos nossos olhos !
Ter um Pai ! Um coração
Que apenas amor encerra,
É ver Deus, no mundo vil,
É ter os céus cá na terra !
Ter um Pai ! Nunca se perde
Aquela santa afeição,
Sempre a mesma, quer o filho
Seja um santo ou um ladrão ;
Talvez maior, sendo infame
O filho que é desprezado
Pelo mundo ; pois um Pai
Perdoa ao mais desgraçado!
Ter um Pai ! Um santo orgulho
Pró coração que lhe quer
Um orgulho que não cabe
Num coração de mulher !
Embora ele seja imenso
Vogando pelo ideal,
O coração que me deste
Ó Pai bondoso é leal !
Ter um Pai ! Doce poema
Dum sonho bendito e santo
Nestas letras pequeninas,
Astros dum céu todo encanto !
Ter um Pai ! Os órfãozinhos
Não conhecem este amor !
Por mo fazer conhecer,
Bendito seja o Senhor !
FLORBELA ESPANCA
O PAI
Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.
Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.
Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.
Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.
Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.
O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.
Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...
E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
Pai
Pai,
vens com os olhos cansados,
os dedos gretados,
os pés doridos,
os sonhos moídos.
Onde colheste o sorriso
que me dás
como uma flor?
Luísa Ducla Soares, “Poemas da mentira e da verdade”
Outras sugestões de reflexão:
PAI,
- Não me dês tudo o que te pedir.
Muitas vezes só peço, para ver quanto posso receber. Se mo deres, eu terei mais, mas não serei melhor.
- Não me dês sempre ordens. Se, em vez de me mandares, me pedires as coisas por favor, eu farei mais rapidamente e com mais vontade.
- Não mudes de opinião tão frequentemente sobre o que devo fazer. Decide-te e mantêm essa decisão. No meio das minhas muitas vacilações, necessito da tua segurança, da tua firmeza.
- Cumpre as promessas, boas ou más. Se me prometeres uma autorização, dá-ma; mas também se for um castigo. Assim, eu preparar-me-ei melhor para a vida.
- Não me compares com ninguém. Nem com o meu irmão nem com a minha irmã. Se me exaltas acima dos outros, alguém irá sofrer; se me rebaixas diante dos outros, serei eu quem sofro. Nem me compares contigo quando tinha a tua idade. As nossas vidas são muito diferentes.
- Não me corrijas as faltas diante de ninguém. Ensina-me a corrigir-me quando estivermos sós. Agradecer-te-ei infinitamente.
- Deixa-me fazer as coisas por mim mesmo. Mesmo que às vezes me engane. Se fazer tudo por mim, eu nunca poderei aprender.
- Não me grites. Respeito-te menos quando o fazes e ensinas-me a gritar também. Eu não quero fazê-lo.
- Quando fizer alguma coisa mal, não me exijas que te diga porque o fiz. Às vezes nem eu mesmo sei.
- Não digas mentiras diante de mim. Nem me peças que as diga por ti, mesmo que seja para te desenrascar. Sinto-me muito mal, e acho que perco a fé no que dizes.
- Quando estiveres enganado nalguma coisa, admite-o. Assim crescerá a opinião que tenho de ti. E ensinar-me-ás a admitir os meus equívocos.
- Quando te contar um problema, não digas «Não tenho tempo para as tuas parvoíces». Ou «isso não tem importância». Trata de compreender-me e ajudar-me.
- Trata-me com a mesma cordialidade e amabilidade com que tratas os teus amigos. Porque somos família, não quer dizer que não possamos ser amigos também.
- Não me digas que faça uma coisa, se tu mesmo não a fazes. Assim aprenderei eu a fazer sempre o que tu fazes mesmo sem o dizer, mas nunca o que tu dizes e não fazes.
Fr. Bernardo Domingues, o.p.
O NÓ DO AFECTO
Numa reunião de Pais a educadora incentivava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes também, que estivessem presentes o máximo de tempo possível. Entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhasssem fora deveriam ter um tempinho para se dedicar a entender as crianças. Mas a educadora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou e explicou, de forma humilde, que não tinha tempo para falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana. Quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava a dormir. Quando voltava do serviço era muito tarde e o menino já não estava acordado. Explicou ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família. Contou também que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava redimir-se indo beijá-lo todas as noites quando chegava a casa. E para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isto acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele que o pai tinha estado ali e o tinha beijado. A educadora ficou emocionada com aquela história singela e emocionante. Também se surpreendeu quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O facto faz-nos reflectir sobre as diversas maneiras de um pai ou uma mãe estarem presentes, de comunicarem com o filho. Aquele pai encontrou a sua, simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, atarvés do nó afectivo, o que o pai lhe estava a dizer.
Por vezes importamo-nos tanto com a forma de dizer as coisas que esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento. Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam para aquele filho muito mais que presentes ou desculpas vazias. É válido preocuparmo-nos com os nossos filhos mas é importante que eles saibam, que eles sintam isso. Para que haja comunicação é preciso que os filhos “ouçam” a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afecto os sentimentos podem falar mais alto do que as palavras.
É por esta razão que o beijo revestido do mais puro afecto, cura a dôr de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebé que roubou o colo, o medo do escuro…
As crianças podem não entender o significado de muitas palavras mas sabem registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja um nó. Um nó cheio de afecto e carinho.
E você? Já deu algum nó afectivo no lençol do seu filho hoje?
(texto veiculado pela internet com autoria não identificada)
Outras sugestões:
Eu queria mais tempo https://www.belacena.com/videos/view/506#
Pai Herói https://www.youtube.com/watch?v=hWFo0TZYIm0
Este video (Pai Herói) mostra uma lição de vida, o que é ser Pai.
O contato, o abraço, e principalmente a confiança que esse vínculo entre pais e filhos é (ou deveria ser) depositado.
Uma relação sadia, de respeito, cumplidade e bem-querer. Uma relação, no mínimo, desejada... por todos os filhos!
Um Bom Dia do Pai
Associação de Pais da Escola Básica do Sobral
Mozelos, 19 de Março de 2010