«CUIDAR DA SEMENTEIRA»
Na minha consulta diária às páginas online que directa e indirectamente estão ligadas às actividades das escolas dos meus educandos, encontrei divulgação /convite para o 1º Colóquio Anual d’ «O Rolhinhas» - jornal online do Agrupamento de Escolas de Lourosa – “O papel dos media na formação dos jovens”.
Independentemente do tema apresentado para debate e da qualidade do painel de convidados, este colóquio d’«O Rolhinhas» é mesmo a não perder e deve merecer o aplauso de toda a comunidade escolar. E eu acrescentaria, para além da formação dos jovens, qual o papel dos media em toda a comunidade escolar.
Não é de agora que ouvimos o apelo à abertura das instituições à comunidade - cada vez mais esse apelo se faz sentir - e as escolas não são excepção. Quando em Setembro de 2002 ouvi em plena assembleia de escola o apelo da professora coordenadora para que a associação de pais fosse revitalizada porque há longa data estava sem órgãos sociais e era preciso gente para dar continuidade, não sabíamos – eu e alguns encarregados de educação que na mesma hora se voluntariaram para fazer renascer a associação de pais – o desafio que nos esperava. Posso dizer que foi enriquecedor e continua a sê-lo apesar de não estar nos órgãos sociais das associações de pais das escolas dos meus educandos, estando o mais novo a frequentar EB1 deste Agrupamento.
Ao longo destes anos sempre defendi que só se consegue sucesso com muita dedicação, trabalho e com muito voluntariado nas instituições onde estamos. Sempre pugnei para que as associações de pais fossem parceiros naturais no processo educativo e que as escolas só teriam a ganhar se abrissem à comunidade. Continuo a pugnar para que as escolas sejam um espaço para todos e que as associações de pais, além de parceiros no processo educativo, interagissem com o associativismo e comunidade local.
Encontro na escola e na associação de pais do meu filho a frequentar o 1º ciclo boas práticas de interacção com o associativismo e comunidade. Apesar de não estar no activo nos órgãos sociais do associativismo parental, verifico como amigo da escola e especialmente como encarregado de educação que a dedicação, empenho e abertura continuam a ter continuidade.
Desde 2002 que a associação de pais em que fui voluntário utiliza o correio electrónico e página online para estar mais próximo dos encarregados de educação, docentes e comunidade, divulgando para além de assuntos relacionados com a vida escolar, cidadania. Os encarregados de educação agradecem-nos e alguns que já não têm filhos na escola, solicitam-nos para que o seu endereço de correio electrónico não seja retirado da base de contactos. Com agrado registo que, com o mesmo objectivo, as escolas do Agrupamento aderiram aos blogues / jornais online permitindo assim que todos mais facilmente possam acompanhar as actividades e projectos.
Quem tem participado nas actividades promovidas pela EB1 do meu educando em parceria com a associação de pais e vice-versa, verifica que os objectivos são superados. Tudo porque há muita dedicação de quem se entrega ao trabalho em prol dos alunos, nada mais.
Se lamentamos que as nossas crianças e jovens não se interessam pela leitura diária de jornais, que da rádio e da TV têm preferência por programas em que as notícias passam ao lado, entendo que a escola deve fazer mais para alterar este estado de coisas. Sem receios, devemos criar condições para os media estejam mais próximos das escolas divulgando, tal como os jornais online e blogues escolares, as actividades realizadas e a realizar. A nossa comunicação social local e nacional há muito que acompanha as actividades das escolas. Se dedicam espaço nos jornais ou antena é porque perceberam a importância das mesmas para a sociedade.
Também não nos devemos esquecer da importância da abertura das escolas para o desenvolvimento de projectos com instituições e associações de âmbito diversificado. Fomentar a proximidade da comunidade à escola gera empatias que facilitam o sucesso escolar dos nossos educandos e valorização pessoal dos encarregados de educação.
Se desde cedo as nossas crianças e jovens forem educados a ler o jornal na escola e a comentar as notícias que leu (na escola ou em casa), a comentar as notícias que viu na TV em casa ou que ouviu na rádio a caminho da escola; se desde cedo as nossas crianças e jovens estiverem com de um repórter que os ouça e que lhes permita que transmitam a sua opinião – e as crianças sabem opinar e fazer criticas construtivas -; se desde cedo as nossas crianças e jovens escreverem para publicação na imprensa, estamos a «semear» para formar alunos com mais consciência cívica que se repercutirá ao longo da sua vida escolar e académica.
O exercício da cidadania ao longo da vida foi e continuará a ser a forma de como foi cuidada a «sementeira» desde que a semente foi lançada à terra.
José Manuel Ferreira da Costa
Encarregado de educação aluno 1º ciclo, 3º ano
12 de Abril de 2011
